quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Febre

Essa febre que me alucina,
que me queima inteiro por dentro
me vicia feito heroína
em um único momento.

Essa febre que deixa meu corpo mole
não sabe o mal que cria.
Me obriga a tomar um gole
desse desejo de fantasia.

A febre toma meu corpo.
Já não sinto mais o calor.
Deixa meu coração oco
e minha vida cheia de rancor.

É difícil resistir a febre.
Mesmo sem saber o que é, eu a aceito.
Me machuca, mas me deixa alegre.
Acho que é seu pior defeito.


Autor: Lucas Braga

A partida

Eu deixei você ir.
O que faço da minha vida agora?
Não consigo mais dormir.
Junto com você, meu ar foi embora.

Saudades do abraços aconchegantes,
dos seus beijos cheios de amor.
Agora tenho que viver de amantes,
tristeza, solidão e dor.

Nada consegue te substituir.
Minha vida não faz mais sentido.
Sua ausência não me deixa sorrir.
Não sei aonde estou metido.

Estranho saber como agüento
tendo meu coração dilacerado.
E viverei nesse sofrimento
enquanto não vivo ao seu lado.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Eu frio

É frio, mas não é lá fora.
Parece estranho, mas é aqui dentro.
Não me dá vontade de ir embora.
O frio aquece meu pensamento.

Apesar do prazer de pensar,
meu corpo está congelado.
Não consigo sair do lugar,
mas viajo assim, mesmo parado.

Na minha cabeça, o prazer ecoa.
Meus músculos estão dormentes.
Minha mente corre, pula, voa;
enquanto meus sentidos ficam doentes.

Comer, dormir, viver, sorrir.
Não sei mais o que é isso.
Só meu pensamento consigo sentir.
Eu sou assim e nada além disso.


Autor: Lucas Braga

Presente

Os ares parecem mais pesados.
Os ventos são mais sufocantes.
Todos problemas do nosso passado
nos tornam insignificantes.

Os minutos estão atrasados,
os sons são mais vibrantes.
Homens agoniados
com mulheres excitantes.

Os rios maltratados
com peixes interessantes,
os deixam asfixiados
com nosso lixo infernizante.

O certo deixado de lado,
pelo bom gratificante.
O Homem fica atolado
pela vontade inquietante.

O planeta enforcado
pela corda dos errantes.
Todos ficam calados
com os assuntos alarmantes.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lembranças antigas

Me arrumo com rapidez,
engulo sem mastigar.
Parece a primeira vez
que vou sair para te encontrar.

Te ligo desesperado
para, sua voz, poder ouvir.
Me sinto bem arrumado
e estou prestes a sair.

Parece que nunca te vi antes.
Já escuto sua voz daqui.
Seu perfume é apaixonante
não consigo resistir.

De longe, te vejo.
Seu sorriso é um encanto.
Pra realizar meu desejo,
você me beija. Me espanto.

As horas correm depressa.
Já é hora de me despedir.
Você me beija e novamente começa
esse sonho antes de dormir.

O dia começa, já é hora de acordar.
Abro os olhos e não consigo entender.
Estou cansado de sonhar
com a mulher que não posso mais ter.



Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ignorância

Ignorância.
Adoro poder te ouvir
e depois sentir.
Essa ânsia.

Arrependimento me destrói.
Se você pudesse entender
que me arrependo de te ter,
você sentiria o quanto dói.

Suas palavras me cortam os pulsos.
Doce veneno de sua boca
que me beija com beijos avulsos
e deixa minha mente simplesmente oca.

Ignorância.
Adoro poder te amar
e depois sussurrar
essa discrepância.

Sou um completo ignorante
de te louvar assim
sem colocar um fim
nessa ignorância de amante.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Poesia amassada

De uma folha amassada,
começo a escrever amores.
Onde antes não tinha nada,
surgem versos encantadores.

A arte de escrever escorre pelos meus pensamentos,
chega ao papel em forma de solidão.
Versos que começam em momentos
e terminam com interrogação.

De uma folha amassada, minha poesia aparece.
Me leio atentamente, como se não existisse mais nada.
Minha poesia me enlouquece,
me deixa mudo, de boca fechada.

Não parece uma poesia minha.
Muito triste, muito infeliz.
Uma palavra que não sabia daonde vinha.
Mas que me deixava inconscientemente feliz.

Algo diferente chamou minha atenção.
Aquela palavra chamada "amor",
tocou meu gélido coração
e fez surgir aquele breve pavor
que terminou com interrogação.


Autor: Lucas Braga

sábado, 6 de novembro de 2010

A espera

Esperar, esperar e esperar.
Até onde isso vai chegar?
O menino continua sentado
esperando-a nesse frio embriagado.

Espera, soluça, chora.
Nada o faz querer ir embora.
A chuva começa bem fina
e o menino, continua esperando a menina.

Se ao menos o menino soubesse quem é ela.
Se ao menos ele soubesse o nome dela.
Mas não, ele não a conhece.
E é isso que mais o entristece.

A chuva aperta. O menino fica todo molhado.
O silência cresce. O som continua calado.
Cadê essa menina que não aparece?
O menino deita no banco. E esquece.

Muito tempo depois, ele é acordado.
Por uma sombra escura, ele é abordado.
Não era a menina que esperava.
Era o fim que o encontrava.


Autor: Lucas Braga

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Gato

O gato subiu no telhado
sem perceber que estava chovendo.
O gato ficou todo molhado.
Voltou para dentro e ficou todo se lambendo.

O gato pulou no sofá.
Não percebeu o que estava fazendo.
Tomou uma palmada da menina má
e com altos miados ficou gemendo.

A planta caiu. Culpa do gato.
Que bicho mais curioso.
Quer brincar, vai para o mato.
So sabe correr e me deixar nervoso.

O gato agora só sabe dormir.
Acorda para comer e resmungar.
Para mim, parece não existir.
Não gosta mais de brincar.

Mas mesmo assim, eu gosto dele.
Gosto de sua presença também.
Não brigarei mais com ele.
Pois o gato me faz muito bem.


Autor: Lucas Braga

Amor incompreendido

De longe escuto o barulho do mar.
Sinto meu rosto tocado pelo gélido ar.
Andando em direção ao horizonte percebo
que quanto mais eu ando, mas eu sinto medo.

Encontro uma praia deserta.
O frio me congela e me deixa alerta.
Me descalço e ando até a beira da imensidão
onde a areia é dura, dura como o chão.

Não sinto mais meu corpo, está frio.
Frio é pouco, me sinto vazio.
Só meu coração parece bater.
Sinto-o latejar, parece que vou morrer.

A sensação é única, não posso desperdiçar.
Mergulho meu corpo sem a cabeça molhar.
Sinto, com isso, um súbito prazer.
Não me sinto bem, mas não sei o por quê.

Quando me dou conta, já está clareando.
Por fios de luz, meu corpo vai esquentando.
Até que não consigo enxergar mais nada.
É o Sol que nasce da madrugada.

Estou quente, não sinto mais gelidão.
Também não estou sozinho, morreu a solidão.
Ficamos durante horas nos encarando.
Ficamos durante horas namorando.

Até perceber que algo está acontecendo.
Algo bastante estranho, não estou entendendo.
O meu Sol está indo embora.
Sinto aquele medo voltando agora.

Não tenho mais motivo para ficar aqui sentado.
Tenho pavor de ficar sozinho, parado.
Me calço, me levanto e suspiro pela última vez.
Viro de costas e ando com rapidez.

Mas antes que eu possa notar,
um outro fio de luz parece me tocar.
Será o Sol pedindo perdão?
Não. É a Lua, clareando a escuridão.

E sem tempo, volto correndo.
Agora eu estou entendendo:
Não sairei daqui, pois tudo se repetirá.
E ficará assim, pois nunca terminará.


Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ser poeta

Ser poeta é ser apaixonado.
Às vezes triste, às vezes deixado de lado.
Procura sempre soluções, nunca fica calado.
E quando não ama, é amado.

Ser poeta requer muita determinação.
Aceitar as coisas como elas são.
Desafiar quando na sua vida aparece um "não".
Estar pronto para ouvir seu coração.

Ser poeta, é tudo e mais um pouco.
É morrer e viver pelo outro.
Ler o que escreve e se achar louco.
Louco? Vou gritar até ficar rouco.

Acho que amo o impossível,
me perco no imprevisível,
às vezes me acho invisível.
Sou louco, mas sou sensível.

Autor: Lucas Braga

Vivendo em paz

Como eu sinto saudade
do tempo em que eu só tinha felicidade.
Mas hoje, hoje já é tarde
a tristeza não some e arde.

Gostaria de voltar a ser criança.
Quem sabe não perco a esperança
de viver de mudança
e sorrir, porque sorrir não cansa.

Não preciso mais sofrer.
Muita gente que sofre, quer morrer.
E morrer, morrer para quê?
A morte é uma desculpa para quem não consegue viver.

Hoje, saudade eu já não sinto mais.
A tristeza, ficou para trás.
A dor, não quero sentir jamais.
Porque dor não combina com amor, o amor que me satisfaz.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O ciúme

Às vezes, o ciúme queima por dentro
e as chamas não se apagam, nem com o vento.
Às vezes, eu gosto dessa sensação.
Às vezes, não.

O ciúme é como um buraco no coração.
Um buraco infinito daonde sai a desilusão
e onde caem todas as verdades
desse amor sem razão.

Distorceu o meu amor em pequenos fragmentos
e em cada pedaço, ficaram momentos.
Momentos que jamais serão esquecidos
por mais que tenham sido bastante sofridos.

Essas lágrimas salgadas que escorrem pelo meu rosto
são puramente respostas desse desgosto
que me fizeram acreditar em você
que jamais iria te perder.


Autor: Lucas Braga

Vivendo uma incógnita

Tenho saudades de amar você.
Saudades que não acabam
e me atrapalham a conseguir entender
o motivo de querer te ter.

Com o tempo, minhas saudades diminuem.
Não sei se isso é bom, ou ruim.
Te esquecendo, minhas dores se diluem,
mas também, destruo uma parte de mim.

Não sei se você ainda me ama,
não sei se você ainda me quer.
Passo noites rolando na cama
imaginando-a como minha mulher.

O tempo está passando, a vida está passando.
As saudades estão lentamente me matando.
Enquanto você não está nem ligando,
eu continuo te amando, mesmo sem estar te falando.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma amiga

Eu tenho uma amiga, uma amiga normal.
Muito bonita, mas pouco formal.
Que tem uma voz lindamente angelical.
E quando canta, me faz passar mal.

Eu tenho uma amiga, uma amiga inteligente.
Muito querida, mas pouco carente.
Que fala inglês bastante fluente.
E quando some do mapa, me deixa doente.

Eu tenho uma amiga, uma amiga poeta.
Muito culta, mas pouco certa.
Que sempre tem na cabeça, uma meta.
E quando me beija, me desfoco da reta.

Eu tenho uma amiga, uma amiga carinhosa.
Muito humilde, mas pouco dengosa.
Que é poeta, mas não descarta a prosa.
E quando beijo sua nuca, a deixo nervosa.

Eu tenho uma amiga. E ela me tem.


Autor: Lucas Braga