segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bom dia

Andando de salto,
cheia de pose.
Os carros no asfalto,
parados, já são doze.

É na minha direção
que ela está andando.
Meu pobre coração
não está mais agüentando.

Sua beleza é exótica,
sua sensualidade
é quase ilusão de ótica
para alguém na flor da idade.

E a única coisa que eu queria
era um olhar,
talvez um bom dia
para me alegrar.


Autor: Lucas Braga

Segredos salgados

As pegadas na areia,
os cabelos ao vento.
Parece uma sereia,
uma pintura, um monumento.

Na areia, descansa
uma concha sozinha.
Com a mão bem mansa
pega a pobre conchinha.

Perto do ouvido
ela escuta seus segredos.
Um mundo colorido
infestado de medos.

Um minuto bastou
para ficar paralisada.
A felicidade acabou
e sua vida ficou salgada.


Autor: Lucas Braga

Pura implicância

Que implicância
você tem comigo.
Desde a nossa infância
te considero mais do que um amigo.

Faz tempo que não me diz:
"Quer ser minha namorada?"
Ah! Como eu era feliz
quando a vida era uma palhaçada.

Hoje, não me olha direito,
não me abraça.
Diz que é por respeito,
mas mentir não tem graça.

Ainda tento te impressionar
da mesma forma que fazia.
Só não irei me declarar
em forma de poesia.


Autor: Lucas Braga

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Propósito de uma vida digna

Seu cheiro, impreguinou.
Na cama, criam-se raízes.
Seu corpo se molda lentamente
e compartilha as cicatrizes.

Sua vida se resumiu
a viver esquecido
e, o tempo, assistiu
triste e aborrecido.

Acabaram os motivos
para se viver feliz.
Sem olhos, sem ouvidos,
sem pernas e sem quadris.

Fundiu-se com a preguiça
e se aconchegou no leito.
A cama em que deita,
traz uma dor imensa ao peito.


Autor: Lucas Braga

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Admita

Difícil viver sem seu perdão.
Os dias passam
e você continua aí.

Queria ter novamente seu coração
e acabar com os dias que me matam
para te impedir de me assistir.

Os tempos bons, ficarão
para que suas dores que atacam
não possam me interferir.

Não volte, não diga seu refrão.
Te amo, com essas dores que enfartam.
Eu só não quero admitir.


Autor: Lucas Braga

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um pouco de amor e bebida

Foi a última chance.
Você desperdiçou.
O que era um grande romance,
simplesmente, acabou.

Uma, duas, três doses.
Está bom por agora.
Suas inúmeras vozes
não vão embora.

A embriaguez alivia
todas as dores,
a saudade que me asfixia
e todos os meus amores.

Eu vivo de mistério.
Sua chance morreu.
Quero que me tire do sério
para mostrar que entendeu.


Autor: Lucas Braga

Triste destino

Deixei de dormir
para escrever.
Deixei de sorrir
para escrever.

Deixei de amar
para escrever.
Deixei de sonhar
para escrever.

Deixei de comer
para escrever.
Deixei de viver
para escrever.

Parei de escrever.
Não sou mais ninguém.
Não sei mais viver
sem a ajuda de alguém.


Autor: Lucas Braga

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mentiras amargas

Amargamente,
a mente amarga
até que não se sente,
e não se larga.

A mente amarga, mente.
E ama a amargura
da mente, amargamente
sem frescura.

E amar a mente amarga
só mente
quando somente se larga
a mente doente.

Então, amargamente,
minto e amo.
E sinceramente,
não reclamo.


Autor: Lucas Braga

Ele e ela

Quero muito                                                      Sinto no ar
e posso pouco.                                                  uma curiosidade.
Principal motivo                                                 E dentro de mim
que me deixar louco.                                          surge uma felicidade.

Vejo sempre                                                      Sonhos estranhos
sem poder tocar.                                                me fazem bem.
Só posso senti-la                                               Só que deles,
quando vou sonhar.                                           não conheço ninguém.

Te olho ferozmente,                                          Me sinto uma presa
parece fome.                                                     quando ando sozinha.
Não consigo dormir                                           Procuro alguém
até descobrir seu nome.                                    para me fazer companhia.

Será que sou invisível                                       Será que sou invisível
ou, talvez, notado?                                            ou, talvez, notada?
Não choro por amor                                         Se ficar junto à ele,
por ser ignorado.                                              estarei sendo precipitada?


Autor: Lucas Braga

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Escada

De
Degrau
Em degrau
As palavras descem.
E quando chega no final,
Todas as palavras desaparecem.


Autor: Lucas Braga

Assopro

O vento assoprou na minha poesia.

E   as  pal avr    as   ,      fi   c    aram     as  si  m     ,  s em   gui a      .


Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quando me olha

Adoro quando me olha
com esse olhar meio oleoso.
Derrubo minhas coisas,
me sinto desastroso.

Seus olhos fatais
me deixam bem confuso.
Não quero nunca mais
viver de tal abuso.

Se sinto que me olha,
procuro não evitar.
E quando me engano,
é difícil superar.

Me sinto um poeta
vivendo de imaginações.
Mas é difícil te olhar
sem ter essas visões.


Autor: Lucas Braga

Distração ébria

Essa mente fluente,
me leva como um rio.
Nado em sua corrente
e sinto bastante frio.

Esse olhar informal,
que me castiga,
deixa o clima natural
até quando você me briga.

Esse sorriso falso
me alimenta a alma.
E suas mentiras, eu calço
para te deixar mais calma.

Nessa minha vida,
nada faz sentido.
Preciso de mais uma bebida
para me deixar distraído.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um

Me vejo no verde,
escuto meus passos,
mato minha sede
com água dos riachos.

A sinfonia dos animais
se misturam com essa beleza.
Esqueço as coisas banais
e vivo dentro da natureza.

Me encontro dentro de mim
nesse silêncio absoluto.
O prazer não tem fim
e o som fica de luto.

Sinto essa fusão
entre meu corpo e o dela.
Parece ficção
mas é apenas ela.


Autor: Lucas Braga

Vai e vem

Lembrei agora
daquele dia.
Quando fui embora
com a lágrima que escorria.

O sofrimento
me acompanhou.
Naquele momento
que se agravou.

Você foi esquecida
de forma carinhosa.
A menina mais querida
que já recebeu uma rosa.

Mas te reencontrei
de forma inusitada.
A menina que amei
me deixou uma alfinetada.


Autor: Lucas Braga

Quase um Don Juan

Já fiz muita gente chorar.
Já abracei que não devia abraçar.
Escrevi sobre sonhos
que não deveria me lembrar.

Meu charme é subliminar,
faço qualquer mulher delirar.
Os rostos tristonhos,
viram sorrisos em qualquer lugar.

Mas tenho que falar,
já cansei de me apaixonar.
E com esses amores bisonhos
aprendi a me virar.

Mulher, adoro ignorar.
Sua paciência, estou sempre a esgotar.
Seus desejos medonhos
me fazem delirar.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Meu lírico

Não sigo o certo,
prefiro o errado.
Quando olham para alguém,
olho para o outro lado.

Não sou infeliz,
não sei amar.
Ficarei triste
quando o amor me encontrar.

Vivo no silêncio.
A solidão me completa.
O sonho de qualquer um
que queira ser poeta.

Me alimento de desejos.
Bebo minhas vontades.
Minha mente é uma jaula
que vive sem grades.


Autor: Lucas Braga

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Na cama

Me deu um sono,
uma vontade de dormir,
de fechar os olhos
e sonhar por aí.

Uma preguiça incontrolável
tomou conta de mim.
Perdi as forças do meu corpo
e me deixaram assim.

Os olhos, cada vez mais pesados
lutam para ficarem abertos.
Os sonhos chegando
transformam o real em incerto.

No meu corpo foi aplicada
uma dose de anestesia.
Sinto uma moleza na alma
descarregando minha bateria.

Meus membros, não sinto mais.
Apenas o sangue correndo.
Uma sensação estranha,
parece que estou morrendo.

São imagens imagináveis
escorrendo na minha frente.
Momentos indescritíveis
atravessando minha mente.

Atravessei lugares
quebrei as barreiras.
Tive um sonho
de diversas maneiras.


Autor: Lucas Braga

A máquina

É sensível, fino e estreito.
É certo, correto e direito.
É pequeno, miúdo e frágil.
É rápido, momentâneo e ágil.

É colorido, pictórico e chamativo.
É controlado, domado e passivo.
É velho, experiente e antigo.
É companheiro, irmão e amigo.

É sofrido, machucado e iludido.
É largado, mal tratado e perdido.
É cego, tolo e esperançoso.
É inquieto, sonhador e ansioso.


Autor: Lucas Braga

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vida com sentidos

Minha visão,
nossa diversão,
olhos sem coração.

Meu tato,
nosso contato,
encontro em um ato.

Meu paladar,
o nosso beijar,
estômago à embrulhar.

Minha audição,
nossa declaração,
vida de pura paixão.

Meu olfato,
nosso retrato,
cheiro de velho para um novato.


Autor: Lucas Braga

Criança

"Querido diário,
minha vida é uma tristeza.
Quero me esconder no meu armário
até que me nasça bastante beleza."

"Hoje, acordei pensante.
Sonhei com uma estrela na escuridão.
Era branca e bem brilhante
e iluminava a imensidão."

"Estava com vontade de escrever.
Lembra daquele meu problema,
de querer sumir, desaparecer?
Então, veio a idéia de um poema."

"Diário, meus problemas acabaram.
O que eu sentia, sumiu.
Meus pais, adoraram
e a tristeza, caiu."


Autor: Lucas Braga

O inverso do verso

No meu campo de flores
vejo borboletas de diferentes cores,
vejo nuvens de diversos sabores
e pétalas fazendo amores.

Na minha cesta de frutas
vejo amoras de cores brutas,
vejo maçãs das mais absolutas
e sementes em eternas lutas.

Na minha cesta de flores
vejo amoras de diferentes cores,
vejo maçãs de diversos sabores
e sementes fazendo amores.

No meu campo de frutas
vejo borboletas de cores brutas,
vejo nuvens das mais absolutas
e pétalas em eternas lutas.


Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Olhos

Olhos que choram.
Choram por amor,
choram de felicidade
e choram de dor.

Olhos molhados
revelam a tristeza,
revelam a emoção
com certa delicadeza.

Olhos se transbordam
em lágrimas de felicidade.
Sua essência escorre
com muita ferocidade.

Olhos com tesão
em te ver feliz.
Olhos de um pobre cego
parecendo um chafariz.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Renovação

Retiro do tempo, o pó.
O pó que o tempo tem.
O tempo do tempo da minha bisavó
que de anos, já tem mais de cem.

Engrenagens enferrujadas 
fazem o tempo andar.
Sem pó para as resfriadas,
o tempo tem de continuar.

A purificação do tempo
retira o velho do atual.
É um passatempo
de uma rotina casual.

Basta tirar o pó
que o tempo tem
para sentir dó
do passado que te fez bem.


Autor: Lucas Braga

Trágico Acidente

Eu vi uma uva
sozinha no cacho.
Uma viúva,
eu acho.

E essa uva que vi,
a viúva,
assistia o cair
da chuva.

Eu vi uma uva
molhada e sozinha.
Uma viúva
no frio que fazia.

Até que de repente
caiu a viúva.
Foi um trágico acidente
quando vi a uva.


Autor: Lucas Braga

A realidade sonhada

O tempo é curto,
os beijos, evitados.
Com o silêncio, eu surto
enquanto tomamos cuidado.

Me apaixono em poucos atos.
Te devoro com o olhar.
E deixo os maus tratos
para quem quer nos vigiar.

Nas brechas do tempo
aproveitamos as oportunidades.
São nossos passatempos
de diferentes idades.

O sol vai surgindo,
a claridade vai nascendo.
E quem estava dormindo
sonhou com o que estava acontecendo.


Autor: Lucas Braga

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Relação de um para um

Idéias minhas, enterradas.
Amores antigos, desgastados.
Palavras ditas, atropeladas.
Sonhos vividos, maltratados .

Sorrisos seus, acolhidos.
Beijos pouco assoprados.
Abraços meus, sofridos.
Corridas com os pés parados.

Noites assim, demoradas.
Nossos braços, atados.
Amor durante madrugadas.
Nossos pais, preocupados.

Minhas cartas, recebidas.
Seus telefonemas, desligados.
Sua voz de agradecida.
Meus sonhos, apagados.


Autor: Lucas Braga

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Duelo

Queimo meus sonhos
dos felizes aos mais tristonhos
para enxergar a realidade
que o sono invade.

Destroço-os de leve
e durmo em greve
dos sonhos acabados
que não são mais lembrados.

E quando volto a sonhar,
luto até acabar.
E quando consigo,
durmo sem perigo.

Mas é nos sonhos que acontece
o que mais me fortalece.
A força e a vontade
de viver na subjetividade.


Autor: Lucas Braga

Separação diária

Minha companheira
sempre me persegue.
Devagar ou ligeira,
não sei como consegue.

Sua neutralidade
é sempre percebida.
Pode ser uma qualidade
ela não ser tão colorida.

Não fala, não chora.
Não xinga, não briga.
Mas quando vai embora
sinto falta da minha amiga.

Quando a noite cai,
ela desaparece.
Não sei para aonde vai
sempre que anoitece.


Autor: Lucas Braga