quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Confusa

Se furtas meu coração,
não se arrependa,
não ache graça.

Se o busco por satisfação,
não entenda,
o que talvez, eu faça.

Se gostar dessa ficção,
não se venda,
apenas, dele, se desfaça.

Entregue-o ao meu irmão.
Não se ofenda
com essa desgraça.


Autor: Lucas Braga

Sem rumo

Ando no ar,
bebo a terra,
respiro a água.

Se a terra andar,
o ar se enterra
e só resta mágoa.

Por isso, respirar
a água, encerra
a terra que enxágua.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Enquanto escrevo

O vento assopra
e congela meus dedos.
Enquanto escrevo,
compartilho os meus medos.

A chuva derrama
e escorre pela poesia
Enquanto escrevo,
minha pele esfria.

A noite cai
e escurece a visão.
Enquanto escrevo,
bate a depressão.

O fim chega
a poesia fica pronta.
Continuo escrevendo
sem me dar conta.


Autor: Lucas Braga

Fundo do mar

No fundo do mar
sente-se a imensidão.
As bolhas de ar
saem em uma fração.

O gelado
te aquece.
O ilimitado
reaparece.

Não se sente mais nada
sem ar, sem amor.
No coração, uma alfinetada
para anular essa dor.

As lágrimas molham
mais do que o mar.
Os peixes se olham
e continuam a nadar.


Autor: Lucas Braga

Imaginem

Imaginem
a imagem
de um ímã.
Que viagem.

Imaginem
a viagem
de um ímã.
Que imagem.

Imaginem
um ímã
de viagem.
Que bobagem.

Um ímã
de viagem.
Imaginem
bem selvagem.


Autor: Lucas Braga

03:20

São três e vinte.
Hora de dormir.
Não tem mais ouvinte,
nem ninguém para me assistir.

Já passou um minuto.
E eu aqui, escrevendo.
O atraso se torna um insulto
para a poesia que remendo.

Acabou pela metade
a poesia que fiz.
Se foi minha vontade.
Posso dormir mais feliz.


Autor: Lucas Braga

Dificuldade e simplicidade

Fazer um poema
nem sempre é difícil.
Pode ser um problema
deixar seu indício.

Não dizendo nada
ele está pronto.
Até a palavra mais calada
participa desse encontro.


Autor: Lucas Braga

Menina

A menina se observa
de frente ao espelho.
Seu sorriso se conserva
com seu rosto vermelho.

Do outro lado se vê
a mesma menina.
Seus olhos, ela lê
o que ninguém imagina.

Aqui, percebe
que ela, não é ela.
Seu desgosto, ela bebe,
com um gosto que descongela.

A menina se prendeu
dentro do espelho.
Seu reflexo de arrependeu
de ter dado esse conselho.


Autor: Lucas Braga

Você e eu

Se eu fizer besteira,
me castigue.
Se eu não fizer da sua maneira,
não brigue.

Se você errar,
te perdoarei.
Se você não me amar,
te amarei.


Autor: Lucas Braga

O dia seguinte

De roupa amarrotada,
deitado no chão.
Foi mais uma noitada.
Noite sem comparação.

Acorda meio tonto,
transbordando ressaca.
Bebe uísque em vez do café pronto
e belisca o queijo com a faca.

Bafo de cachaça
e barba mal feita.
Se acha sem graça
enquanto se ajeita.

Se sente um imundo
e fica arrependido.
Fecha os olhos e respira fundo.
A vida não faz mais sentido.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A poesia do bêbado

O poeta escreveu.
Tinha bebido.
A poesia quase morreu
sem ele ter percebido.

De sóbrio, não tinha nada.
A poesia também não.
Acordado até de madrugada,
escrevendo na escuridão.

A mistura de álcool com rima
formou a poesia.
De sono, ele deitou em cima
e sonhou com a fantasia.

A vela se apagou.
O sol começou a surgir.
O poeta acordou
e a poesia, deixava de existir.


Autor: Lucas Braga

Homem mulher

Abriu a porta,
colocou as sacolas na mesa.
Seu marido fazia uma torta
e sua filha a olhava surpresa.

Tirou o terno,
fechou a janela.
Já era inverno
na cidade dela.

Se molhou, se arrumou
e sentou para jantar.
E, a família, esperou
para começarem a ceiar.

Lá fora, caia neve.
Não se ouvia nada.
O som estava em greve.
E ficou até a madrugada.


Autor: Lucas Braga

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Corpo na madrugada

Com as pontas de seus dedos
ela sentia um súbito prazer.
Não saciava seus medos
mas conseguia viver.

Com beijos na costela
ela sentia sua nuca arrepiar.
Ouvia o nome dela
correr pelo ar.

Com sussurros no ouvido
gemia bem baixinho.
Seu corpo, já dolorido
se sentia sozinho.

Quando, os olhos, abriu
não enxergou nada.
Com as mãos, os cobriu
e se sentiu usada.


Autor: Lucas Braga

Defeito amoroso


Um defeito,
uma dedicação.
Um desrespeito
para o coração.

Um abuso,
uma paixão.
Um desuso
da situação.

O terror
da concentração.
O amor
em difusão.

A vida
de indecisão.
Sofrida,
sem coração.


Autor: Lucas Braga


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Míssil Trigonométrico

É mais que simétrico,
é igual.
É um míssil trigonométrico
dessa Guerra Mundial.

Uma guerra sem armas,
sem violência.
Em busca de carmas
contra a resistência.

E no meio da multidão
uma luz aparece.
Clareia a escuridão
dessa vida que não a merece.

É mais que simétrico,
é igual.
Esse míssil trigonométrico
causa um prazer visual.

O silêncio, a paz.
A liberdade e o fim.
Nada mais me satisfaz
do que essa luz para mim.


Autor: Lucas Braga

Perfeito

De bermuda e chinelo,
de camisa xadrez.
Com um sorriso amarelo
contou até três.

Na porta, ele bateu.
Estava meio sem jeito.
Ela demorou, mas atendeu.
Foi o momento perfeito.

Aquele perfume
o enlouqueceu.
Com um beijo ardume
seu chão estremeceu.

Entregou-lhe algumas flores
e fez aquele pedido.
Disse um pouco de amores
e esperou presumido.

Ela não respondeu.
Ele se sentiu aceito.
Ela agradeceu
por esse momento perfeito.


Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O inconsciente

Fui fazer o que ninguém tinha coragem.
Atravessei o preconceito e cuidei da paisagem.
Invadi meus sonhos em busca de minhas lembranças
para viver mais uma vez a época de quando éramos crianças.

O egoísmo não faz mais parte de mim.
Não existe um final, existe o começo de um fim.
Um começo para mudarmos o que queremos
e fazer o que, poucos de nós, fazemos.

Algumas pessoas enxergam, mas parecem que não.
Outras entendem mas vivem na automação.
Se ninguém se move para mudar
essa tristeza nunca irá acabar.

Se penso, conseqüentemente, existo.
Mas se deixo me levarem, não insisto.
Pareço um robô vivendo de obrigações
e apagando a luz para minhas próprias opiniões.

Fui fazer o que me deu vontade.
Se tentar voar, desafiarei a gravidade.
Não existe um "sim" e um "não",
e sim, um "não" para o controle da população.


Autor: Lucas Braga

sábado, 18 de dezembro de 2010

O novo

Um sorriso, uma lágrima, um abraço.
A felicidade de um fim.
Esse novo caminho que traço
não será tão simples assim.

Tantas memórias inesquecíveis
que ficarão eternamente guardadas.
Sonhos e amores impossíveis
se misturam com sorrisos e lágrimas iradas.

Se fosse tão simples recomeçar,
a vida não teria graça para mim.
Seria rídiculo gritar, chorar
e viver tão longe do fim.

Com esse tolos sentimentos
monto meu própio caminho.
Noites frias com chuvas e ventos
andando só, andando sozinho.

Amigos sempre terei.
Longe ou perto, sempre comigo.
No meu coração sempre guardarei
aquele que pude chamar de amigo.

Então a vida continua.
Com lágrimas, sorrisos e um abraço
Minha vida não desgruda da sua.
E é esse caminho que faço.


Autor: Lucas Braga

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nossas fotos

Nossas fotos na parede
estão velhas e empoeiradas.
Lembro de nós, balançando na rede
observando as estrelas despreocupadas.

Nosso beijo de bom dia,
que nunca mais terei,
me lembra a companhia
que um dia eu precisei.

Nossas fotos estão guardadas.
Mas meu sentimento não.
As lembranças são atropeladas
pela angústia e solidão.

Se um dia eu precisar
recomeçar a viver,
tirarei as fotos do lugar
e lembrarei de você.


Autor: Lucas Braga

domingo, 12 de dezembro de 2010

Desfrutável

Desfruto.
Uma árvore nua.
Sozinha, de luto,
que não se insinua.

Sem frutas, desfrutada.
Velha, frágil e calma.
De raiz arrancada.
Sem seus frutos da alma.

Galhos secos,
folhas mortas.
Sementes no chão
que nascem tortas.

Desde semente,
desde fruta.
Vida contente
de eterna luta.

O mau de desfrutar
não é o que a gente conhece.
É dos galhos arrancar
a fruta que amadurece.


Autor: Lucas Braga

sábado, 4 de dezembro de 2010

Coração

Me debrucei no Sol,
lancei meu anzol,
fisguei um coração
que me pedia perdão.

Me joguei no ar
como quem quer voar.
Abri meu peito e tirei
o coração que fisguei.

Passei por nuvens de algodão
carregadas de chuva e trovão.
E protegi do molhado
o coração no bolso encharcado.

De cabeça, caí na cama
com os pés sujos de lama.
Uma lama cheirosa
com gosto de rosa.

O coração, eu perdi.
Ficou por aí.
Quem sabe um dia
o fisgo para me fazer companhia
nessa vida cheia de  ironia.


Autor: Lucas Braga